Tristezas profundas
Hoje cheguei à conclusão que evito pensar no que me faz triste. Evito porque penso que fico melhor sem matutar nisso. Evito porque sei que iria desatar a chorar e não sou uma pessoa que goste de o fazer. Cada vez que choro levo um bom tempo para parar. Não gosto de me sentir assim, impotente. Bem... isso acontece porque ao não pensar vou acumulando pensamentos não pensados e quando o tic tac acaba e a bomba explode eu não consigo parar. Mas estou a falar daquela tristeza profunda, aquela que sentes um aperto no coração só de te vir isso à cabeça, aquela tristeza que tentas evitar a todo o custo. Aquela mesma. Não gosto de estar triste, mesmo sabendo que é necessário estar de vez em quando. Prefiro aquela tristeza ligeira, aquela que vai passando todos os dias, a que vem e vai de leve. Essa eu consigo controlar. Sou controladora quando se trata de sentimentos. Gosto de saber o que estou a sentir, quando estou a sentir e porque estou a sentir. É uma trabalheira mas deixa-me a cabeça organizada. Só quando me permito a mim mesma pensar e voltar atrás nas memórias e revivelas é que eu sinto aquela tristeza profunda, a que passa quando ela quer, aquela que é dona de ela mesma. Só o faço quando me sinto preparada. Preparada para acreditar que "x" aconteceu e me destruiu completamente, preparada para enfrentar o que mais temo e preparada para chorar rios e rios de acumulação de pensamentos, sentimentos e memórias. Raramente me acontece cair nesta armadilha de emoções e estou feliz assim porque cada vez que caio nesse buraco saio de lá melhor comigo mesma e com mais um bocado de outro inigma decifrado. É bom permitirmos essa tristeza profunda atingir-nos de vez em quando.